Esse é um marco inicial para RastafarI enquanto um movimento, quando, lado a lado, de uma só vez, Rei Alpha e Rainha Omega mostram-se para o mundo, tornando amplamente visíveis Seus ensinamentos para filhos e filhas.
Da mesma forma, todos aqueles que seguem Seus exemplos, buscam reproduzir em suas vidas o equilíbrio Alpha e Omega Ω (masculino-feminino) em uma vida harmônica entre homens, mulheres, crianças, plantas, animais, terra, espíritos. Eu&Eu em igualdade e unidade.
As mulheres são muito importantes para a realização da vivência Rasta. De forma equivocada, por muitos anos, se passou uma idéia de que o movimento Rasta é composto por grupos somente de homens, sem esposas, sem filhos. Porém uma comunidade Rasta só pode ser constituída com a formação de famílias, com a educação das crianças para a constituição do Novo Tempo. “O próprio JAH dá a declaração; As mulheres que anunciam boas novas são um grande exército. Até mesmo os reis de exércitos fogem, eles fogem. Quanto àquelas que permanecem em casa, ela participa no despojo.” (Salmos de Davi: 68:11-12)
Nas últimas décadas, a música reggae tem sido um dos principais instrumentos de divulgação dos valores Rastafaris pelo mundo. Muitas foram, e são as mulheres que se utilizam desse meio como forma de expressar seus sentimentos e opiniões.
Logo no surgimento desse estilo de música, quando os músicos se reuniam em estúdios, como Studio One, muitas mulheres já estavam presentes. Nos anos de 1960, o reggae estava tomando forma em termos musicais e espirituais, e a Vibração Omega mostrava sua força. Muitos grupos vocais femininos, como The Gaylettes e The Soulettes, formaram-se nesse período. Marcia Griffiths e Judy Mowatt, já eram reconhecidas como algumas das principais cantoras do gênero na Jamaica anos antes de se juntarem com Rita Marley para compor as I-Threes, grupo que depois acompanharia Bob Marley & The Wailers por vários anos.
Importante foi também a presença das mulheres para divulgar e fortalecer o ritmo em ascensão. Em sua autobiografia, No Woman No Cry: My Life with Bob Marley, Rita Marley conta como divulgou o reggae vendendo vinis em sua bicicleta, e em uma loja de discos improvisada na janela de seu quarto.
Porém, o papel e a presença da mulher são em grande parte invisibilizados, tanto na música reggae como no movimento Rastafari. Isso acontece por, muitas vezes, a exemplo de Imperatriz Menen, as mulheres realizarem suas funções, não menos importantes, nos bastidores, longe dos holofotes. Além disso, não é do interesse da babilônia permitir que se torne público mulheres livres, fortes e independentes, pois acorrentando as mulheres, se acorrenta seus homens e seus filhos. Porém quando uma mulher se liberta, ela inspira a todos que estão ao se redor. “Vós mulheres, sejam fiéis a sues maridos, a fim de que, se alguns não forem obedientes à palavra, sejam ganhos sem palavra, por intermédio da conduta de suas esposas, por terem sido testemunhas de sua conduta casta, junto com profundo respeito” (1Pedro:3:1-2)
Mesmo quando não vemos, não podemos nunca esquecer que sempre há uma forte mulher envolvida em todos os grandes projetos, pois não pode ser diferente. O homem precisa da mulher e a mulher precisa do homem. Pois são partes complementares de uma mesma Unidade. “Em conexão com JAH, nem é a mulher sem o homem, nem o homem sem a mulher. Pois assim como a mulher procede do homem, assim também o homem nasce por intermédio da mulher. Mas todas as coisas procedem de JAH.” (1Coríntios:11:11,12)
Para os apreciadores de Reggae Music, Eu&Eu sugere que ouçam mais reggae feminino para sentirem não só a vibração Alpha das bandas masculinas, mas também a Vibração Omega dos vocais femininos, pois precisamos de ambas as forças para o equilíbrio necessário da vida. E para aqueles que, além disso, buscam saber mais sobre a vivência Rasta, vai a mesma sugestão, para ouvirem e sentirem a versão e compreensão Omega de JAH e da Vida. Poderão se surpreender com o Fya que emana das vozes e da batida dos corações das Sistas.
Luísa Benjamim
luisabenjamim@gmail.com
(junho de 2008)