Durante a invasão italiana, Imperatriz Menen rogou à Santa Maria, a Virgem Mãe, por auxílio, prometendo doar sua coroa pela liberdade da Etiópia. Nesse período Menen peregrinou por vários locais sagrados na Palestina, na Síria e no Líbano orando por sua nação. Com a libertação da Etiópia da ocupação em 1941, uma cópia da coroa da Imperatriz foi feita para ser usada por futuras Imperatrizes, e a original, usada por ela em sua coroação, foi doada em devoção à Virgem para a Igreja da Natividade em Belém. Desde então, ela passou a utilizar uma tiara no local da coroa.
Dentro da fé Crista Ortodoxa professada na Etiópia, da Igreja Tewahedo, Santa Maria possui uma posição central juntamente com Jesus. Maria é a própria Santidade feminina em sua plenitude, a Divina Mãe. Conforme lemos no Kebra Nagast, foi através da Sua Vida que Ela redimiu e pecado de Eva e glorificou e santificou a mulher.
Em Genesis lemos que foi após Eva transgredir a Lei e os mandamentos de JAH que a Humanidade passou a ficar vulnerável à morte. Também lemos na Bíblia, que a vida seria restabelecida através da vinda do Messias. Nesse sentido, se o pecado de Eva deu início a um novo estágio na vida da humanidade para uma realidade efêmera e com morte, Maria, ao dar a Luz ao Redentor, restabeleceu a Aliança da Vida.
“[...]E escutai esta explicação sobre o primeiro homem, que é nosso pai Adão. Eva foi criada de um homem, a partir de um osso de seu lado, sem abraço e união, e ela tornou-se sua companheira. E, tendo ouvido a palavra da malícia, de ajudadora de Adão, ela tornou-se uma assassina ao fazê-lo transgredir o mandamento. E, em Sua misericórdia, Deus, o Pai, criou a Pérola no corpo de Adão. Ele limpou o corpo de Eva, santificou-o e fez nela uma morada para a salvação de Adão. Maria nasceu sem mancha, pois Ele a fez pura, sem poluição, e ela redimiu a dívida dele sem abraço e união carnal. Ela deu à luz em carne celestial a um Rei, e Ele nasceu dela, e Ele renovou sua vida na pureza de Seu corpo. E Ele matou a morte com Seu corpo puro, Ele ergueu-se sem corrupção e Ele ergueu-nos com Ele para a imortalidade, o trono da divindade, e Ele ergueu-nos com Ele, e nós trocamos a vida em nossos corpos mortais pela a vida que encontramos que é imortal. Através da sedução de Adão nós sofremos aflição, e pela paciência resistente de Cristo nós fomos curados. Através da transgressão de Eva, nós morremos e fomos enterrados, e pela pureza de Maria, nós recebemos honra, e fomos exaltados às alturas. [...]” (KEBRA NAGAST, 1935, cap. 96).
O Cristo Messias que não poderia ser contido no Universo inteiro, foi contido no Ventre de uma Mulher:
“Ele, que é insuficiente de ser contido pelos sete céus, estava contente por estar contido em ti [Maria]” (BARTOLOMEU).
Muitas foram as mulheres que antes ou depois de Maria deram bons exemplos de como proceder como uma mulher Santa, Guerreira e Rainha. Nesse tempo, o Glorioso exemplo que temos para nós Rastafaris é a amada Imperatriz Menen. Menen representa essa santidade feminina no tempo em que estamos, ela representa todas as mulheres que vieram antes dela, as mulheres bíblicas, as africanas de todos os povos e a própria Virgem Maria.
No Amor da Rainha Mãe a Mulher Rastafari possui o Amor incondicional e caridoso, a própria Santa Maria Viva, dentro de nós, como mostrava sempre a Imperatriz Menen em todas as suas boas ações e iniciativas políticas e religiosas.
Este estágio de Amor puro é adquirido na ingestão da Ganjah, que é a planta que traz como principal elemento esse Amor puro, incondicional, da Mãe, da Santa Maria. Em contato com essa planta, entramos nessa freqüência, e na vibração do Amor puro.
O Amor incondicional, trazido através do batismo do Espírito Santo de Jesus Cristo, é um sentimento, muito vivo nas Mulheres, que até por isso popularmente se chama de “Amor de Mãe”. A vibração trazida por Santa Maria é justamente essa vibração desse Amor puro, Maternal, incondicional, que chora e se alegra pelos seus filhos. Como lemos no Manuscrito abaixo, quando Maria e José, seu protetor zeloso, dirigiam-se a Belém, estando ela grávida instantes antes de iniciar o processo do parto.
“Quando estavam a três milhas de distância de Belém, José virou-se para Maria e viu que ela estava triste. Disse consigo mesmo:
– ‘Deve ser a gravidez que lhe causa incômodo.’
Ao voltar-se novamente, encontrou-a sorrindo e indagou-lhe:
– ‘Maria, que acontece, pois que algumas vezes te vejo sorridente e outras triste?’
Ela lhe disse:
– ‘É que se apresentam dois povos diante de meus olhos: um que chora e se aflige e outro que se alegra e se regozija’” (TIAGO).
A alegria e a tristeza, o sorriso e as lágrimas pelos filhos e suas escolhas que os levam a caminhos diferentes, mas nunca deixam de ser filhos. Maria traz essa natureza da Mãe que acolhe e recebe todos os seus filhos sem diferença, com um Amor puro, todos são seus filhos. Da mesma forma como as Mães Africanas curandeiras, as sacerdotisas de matriz africana, muito comuns aqui no Brasil, são um grande exemplo desse aspecto feminino, que acolhendo a todos que chegam em suas casas, com Amor e caridade para ajudarem em suas demandas na matéria e no espírito, sem perguntar da onde vieram, ou para onde vão.
A Imperatriz Menen, assim como A Virgem Maria, representam a Rainha Omega, a Mãe da Criação. Como fala Leonard Howell se referindo a Imperatriz Menen, em seu famoso texto The Promisse Key:
“Falando para o Universo e a feminilidade do homem, a Rainha Omega, a Mulher etíope, é a Mulher coroada. Ela nos entrega seu livro que vem da autoridade suprema. Ela é a dona da criação.
[…]
Rainha Omega sendo senhora de vários mundos, ela está a cargo da energia nestes momentos." (Howell, 1935).
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